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quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Pra quem (não) conhece, um pouco de Sérgio de Castro Pinto

etílico

a vida é dose!

de gole
em gole

- com um olho 
cheio
de rum

e o outro
sem rumo -,

o mundo é um porre!

domiciliares

a) bêbado, cadarços são rédeas
que me põem os sapatos.

bêbado, não chego.

bêbado, os sapatos
me entregam a domicílio.

geração 60

a carta branca do montilla
não era de alforria.

o papagaio era calado.

o cuba-livre nos prendia.

e em barris de carvalho
o tempo envilecia.

à companhia de água e esgotos

o hidrômetro
registra
um pingo

de minha vida
sob o chuveiro.

(no fim do mês,
engulo em seco:

taxam-me o dilúvio inteiro!)

noturnos

c) nenhuma ovelha
pula a cerca
de minha insônia.

abato a todas.

e quanto à lã
serve de enchimento
para o travesseiro.

serve
- a cada manhã –
para travestir-me
de cordeiro.

papel de jornal

no papel de jornal
cabe o presente
e o seu papel 
de estocar embrulhos.

o presente 
e o seu papel 
de estocar embrulhos.

no papel de jornal
transporto o presente
e o seu papel
de estocar embrulhos.

o presente
e o seu papel
de provocar engulhos.

no papel de jornal
cabe todo o presente.

o presente
e o seu papel
de sonegar futuro.

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