etílico
a vida é dose!
de gole
em gole
- com um olho
cheio
de rum
e o outro
sem rumo -,
o mundo é um porre!
domiciliares
a) bêbado, cadarços são rédeas
que me põem os sapatos.
bêbado, não chego.
bêbado, os sapatos
me entregam a domicílio.
geração 60
a carta branca do montilla
não era de alforria.
o papagaio era calado.
o cuba-livre nos prendia.
e em barris de carvalho
o tempo envilecia.
à companhia de água e esgotos
o hidrômetro
registra
um pingo
de minha vida
sob o chuveiro.
(no fim do mês,
engulo em seco:
taxam-me o dilúvio inteiro!)
noturnos
c) nenhuma ovelha
pula a cerca
de minha insônia.
abato a todas.
e quanto à lã
serve de enchimento
para o travesseiro.
serve
- a cada manhã –
para travestir-me
de cordeiro.
papel de jornal
no papel de jornal
cabe o presente
e o seu papel
de estocar embrulhos.
o presente
e o seu papel
de estocar embrulhos.
no papel de jornal
transporto o presente
e o seu papel
de estocar embrulhos.
o presente
e o seu papel
de provocar engulhos.
no papel de jornal
cabe todo o presente.
o presente
e o seu papel
de sonegar futuro.
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