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quinta-feira, 9 de agosto de 2012

“Naquele dia tentamos mudar o mundo, mas ele não quis acordo.” 



“Mil voltas dadas na cama e o sono sem aparecer.” 



“Ele era feio, ela era feia, mas juntos formavam um belo casal.” 



“Se ele não tivesse acreditado tanto, não teria quebrado a cara.” 



“Brincando com a arma do pai, o irmãozinho, sem saber, ao disparar contra o outro, matou com uma única bala todos os sonhos de uma família feliz.” 



“Tudo seria diferente se ele não estivesse lá.” 



“Aquele policial racista acabou morto por uma arma branca.” 



“Procura-se uma pessoa sem nome, sem documento e que ainda não nasceu. Quem vir, avise.” 



“Olhei. Admirei. Pensei. Vi um céu tão lindo e Azul, que esconde tanta tristeza. E que a ameaça a luz.” 



“Deixava suas contas atrasarem mesmo com o relógio adiantado em cinco minutos.” 



“Seus risos eram escondidos. Dores insanas.” 



“Eu via a cena, mas não sabia se estava participando.” 



A qualidade dos microcontos acima - em uns mais, em outros menos - é evidente. Observe também a variedade. Tem politicamente correto, tragédia, exercícios de síntese, lição de moral, lirismo e até fantástico. 

O que poderá ser surpresa é que essas produções são de alunos meus de EJA (Educação de Jovens e Adultos), de uma escola estadual da periferia. Perfil: entre 18 anos e a terceira idade, tiveram de interromper os estudos e agora correm atrás do prejuízo ou, mesmo, só entraram numa sala de aula já adultos. 

São estudantes que têm algumas dificuldades, óbvio, e por isso alguns apelidam o EJA de “Eles Jamais Aprenderão”. Mas o que esses microcontos me ensinaram é que, com um empurrãozinho de nada, a literatura pode brotar em qualquer lugar. 

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