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domingo, 16 de setembro de 2012

Seminário Guiné-Bissau

Os telejornais respeitam o Código de Ética dos jornalistas?

Como atividade para refletir sobre a mídia e a educação, pensei em aplicar, com meus alunos de Português, uma reflexão comparando os telejornais com trechos selecionados por mim do Código de Ética dos Jornalistas.

Art. 7º O jornalista não pode:

V - usar o jornalismo para incitar a violência, a intolerância, o arbítrio e o crime;

Capítulo III - Da responsabilidade profissional do jornalista

Art 9º A presunção de inocência é um dos fundamentos da atividade jornalística.


Art. 11. O jornalista não pode divulgar informações:
I - visando o interesse pessoal ou buscando vantagem econômica; II - de caráter mórbido, sensacionalista ou contrário aos valores humanos, especialmente
em cobertura de crimes e acidentes;


Art. 12. O jornalista deve:
I - ressalvadas as especificidades da assessoria de imprensa, ouvir sempre, antes da
divulgação dos fatos, o maior número de pessoas e instituições envolvidas em uma
cobertura jornalística, principalmente aquelas que são objeto de acusações não
suficientemente demonstradas ou verificadas;
II - buscar provas que fundamentem as informações de interesse público;
III - tratar com respeito todas as pessoas mencionadas nas informações que divulgar;
IV - informar claramente à sociedade quando suas matérias tiverem caráter publicitário ou
decorrerem de patrocínios ou promoções;
V - rejeitar alterações nas imagens captadas que deturpem a realidade, sempre
informando ao público o eventual uso de recursos de fotomontagem, edição de imagem,
reconstituição de áudio ou quaisquer outras manipulações;
VI - promover a retificação das informações que se revelem falsas ou inexatas e defender
o direito de resposta às pessoas ou organizações envolvidas ou mencionadas em
matérias de sua autoria ou por cuja publicação foi o responsável;


O aluno deverá:

Assistir a um telejornal, local ou nacional, e comentar sobre o respeito ou não ao Código, com base em exemplos tirados do programa.

Não esquecer de registrar:

Nome do telejornal, canal e horário de exibição.

sábado, 15 de setembro de 2012

O post de hoje contém sugestões de vídeos com entrevistas de artistas que admiro: Mário Prata e Angeli.

O primeiro é um escritor contemporâneo, autor de livros interessantes e engraçados como "Minhas mulheres e meus homens".

Já o segundo é um grande cartunista. E um grande papo. Aproveitem.






segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Capitães da areia: as crianças de rua ontem e hoje

Exibi para os alunos do 2o EJA o filme Capitães da areia, aproveitando em seguida para levantar uma discussão sobre a situação das crianças de rua, retratada na película. Também distribuí cópias de um trecho do livro. Em seguida, pedi que produzissem um texto a partir das seguintes questões:

                                                                                           Dora e Pedro Bala

1) A história de Capitães da areia se passa nos anos 1930. Na sua opinião, o que mudou na realidade das crianças de rua brasileiras daquele tempo para hoje? Houve avanços? Piorou?

2) O personagem "Professor" afirma à certa altura do filme que "A gente nunca vai deixar de ser ladrão. Não podemos ser outra coisa." Você concorda com ele ou acredita que um menor infrator pode se regenerar e deixar a marginalidade?

3) O que se ganha e o que se perde ao se adaptar uma obra literária para a TV ou o cinema? Quais as vantagens e desvantagens do filme em relação ao livro?

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Variações linguísticas




Para trabalhar o conteúdo variações linguísticas, sugerimos a canção "Conselho de mulher", acima, de Adoniran Barbosa, e o poema "Relicário", do modernista Oswald de Andrade.


Relicário 

No baile da Corte
Foi o Conde d'Eu quem disse
Pra Dona Benvinda
Que farinha de Suruí
Pinga de Parati
Fumo de Baependi
É comê bebê pitá e caí 
 


Que tal, após apresentar esses textos aos alunos, pedir que eles os "traduzam" para a norma-padrão?

P.S. Sobre variações linguísticas, http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/variacoes-linguisticas-o-modo-de-falar-do-brasileiro.htm

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

OFICINA DE MICROCONTOS III

Após as escritas e reescritas chegamos às versões finais dos microcontos que, honestamente, me surprenderam pela qualidade. Proponho aos alunos que divulguem seus trabalhos para o maior número de leitores/ouvintes possível. Chego a sugerir um sarau, mas eles, tímidos, recuam. Porém, aceitam que eu escreva seus microcontos no quadro-negro, para que a turma tenha acesso aos trabalhos dos colegas. E, ainda, eles não só aceitam como se entusiasmam com a proposta de imprimir e colar os microcontos no mural da escola (ver foto). Também publico as obras, acompanhadas de um texto meu contextualizando a experiência em meu blog pessoal (www.6-boca.blogspot.com) e também, agora, na plataforma e-Proinfo e neste meu novíssimo portfólio digital.




“Naquele dia tentamos mudar o mundo, mas ele não quis acordo.”

“Mil voltas dadas na cama e o sono sem aparecer.”

“Ele era feio, ela era feia, mas juntos formavam um belo casal.”

 “Se ele não tivesse acreditado tanto, não teria quebrado a cara.”

“Brincando com a arma do pai, o irmãozinho, sem saber, ao disparar contra o outro, matou com uma única bala todos os sonhos de uma família feliz.”

“Tudo seria diferente se ele não estivesse lá.”

“Aquele policial racista acabou morto por uma arma branca.”

“Procura-se uma pessoa sem nome, sem documento e que ainda não nasceu. Quem vir, avise.”

“Olhei. Admirei. Pensei. Vi um céu tão lindo e Azul, que esconde tanta tristeza. E que a ameaça a luz.”

“Deixava suas contas atrasarem mesmo com o relógio adiantado em cinco minutos.”

 “Seus risos eram escondidos. Dores insanas.”

“Eu via a cena, mas não sabia se estava participando.”
Viviane Nascimento

A qualidade dos microcontos acima - em uns mais, em outros menos - é evidente. Observe também a variedade. Tem politicamente correto, exercícios de síntese, lição de moral, lirismo e até fantástico.
     
O que poderá ser surpresa é que essas produções são de alunos meus de EJA (Educação de Jovens e Adultos), de uma escola estadual da periferia. Perfil: entre 18 anos e a terceira idade, tiveram de interromper os estudos e agora correm atrás do prejuízo ou, mesmo, só entraram numa sala de aula já adultos.

São estudantes que têm algumas dificuldades, óbvio, e por isso alguns apelidam o EJA de “Eles Jamais Aprenderão”. Mas o que esses microcontos me ensinaram é que, com um empurrãozinho de nada, a literatura pode brotar de qualquer lugar.   



                                                                                      Literatura no mural

OFICINA DE MICROCONTOS II


Relato a seguir as etapas da oficina, realizada com os alunos do 3º EJA da EEEFM Daura Santiago Rangel:

Inicialmente, reviso o conceito de gênero textual, ponto de partida para o trabalho de conceituação de ficção. Daí, discuto os gêneros desta: conto, novela e romance, sempre ressaltando as noções de enredo e personagem, e discutindo as especificidades de cada forma, como por exemplo a extensão e a complexidade de cada uma.
O passo seguinte é apresentar as características do microconto. Como quase tudo (talvez tudo) em literatura, a definição de microconto é discutível. Uma delas afirma que ele deve ter a extensão máxima de um tweet, ou seja, 140 caracteres.
Como exemplo, apresento aos alunos os seguintes microcontos, e os provoco a perceberem que, mesmo muito curtos, tais textos trazem enredo, personagens e, sobretudo, qualidade literária – aquele trabalho com a linguagem que distingue literatura da linguagem cotidiana:

“Vende-se:
Sapatinhos de bebê nunca usados”
Ernest Hemingway

“Gravidez:
Deu para engordar.”
Cristina Alves

A próxima etapa é prática. Concedo aos alunos o prazo de uma semana para criarem um microconto. A seguir resumo o envolvimento de cada turma com a ideia:

3º EJA “A”: O engajamento foi bastante satisfatório. Dos alunos que frequentam regularmente as aulas, apenas dois não produziram ao menos um microconto. Alguns a princípio copiaram obras da internet e apresentaram como suas. Expliquei que isso caracterizava plágio e, para talvez a surpresa deles mesmos, depois conseguiram criar seus contos, e com qualidade. Houve casos ainda de alunos que entenderam que eu havia pedido uma pesquisa sobre a definição de microconto, no que eu expliquei que aquele não era o foco, e esses também criaram seus próprios trabalhos.

                                   Ernest Hemingway, escritor americano

3º EJA “B”: Ao contrário da outra turma, aqui encontrei resistência à ideia e apenas um aluno aceitou o desafio e, após algumas tentativas, conseguiu produzir um microconto que pudesse ser assim chamado.